NÓS

Chapter 34: Capítulo 33

— Me explica, Manuela — se levantou — O que é isso? — aproximou-se.

N?o conseguia dizer nada para Gabriel, as palavras tinham fugido da minha boca e eu estava estática,

um gelo da cabe?a aos pés.

N?o acreditava que isso estava acontecendo.

— Anda, fala alguma coisa — gritou.

— Gabriel, se calma — Diego se aproximou colocando a m?o em seu peito.

— Calma? — o olhou — Você fodeu com a minha irm?, Diego — cuspiu as palavras — Você fodeu

com ela nas minhas costas.

— Gabriel n?o fo..— falei enxugando as lágrimas.

— N?o foi assim? — tirou a ultra do envelope — Me explica essa porra ent?o — jogou os papéis em

mim — Uma hora vocês se odeiam e na outra vocês fodem?

— Foi um erro, desculp... — desabei.

— Um erro? — se aproximou — Você tem no??o da merda que você fez? Do que o papai vai falar pra

mim?

— Desculpas — disse entre solu?os.

— Desculpas n?o vai adiantar, Manuela — virei o rosto após ele gritar próximo ao meu rosto — Você

me traiu, traiu minha confian?a — olhou no meus olhos — Eu tenho vergonha de você.

Naquele momento eu paralisei, nunca me importei com o que as pessoas achavam de mim mas

quando Gabriel simplesmente cuspiu as palavras dizendo que tinha vergonha de mim foi como levar

uma facada. Minha ficha caiu ali, no momento em que ele falava comigo, eu tinha falhado.

Me senti a pior pessoa do mundo por ter falhado com quem eu mais amava.

— Gabriel.. — Diego tentou segurá-lo mas o mesmo se soltou.

— Vai embora daqui, você n?o é quem eu pensei que fosse.

Gabriel bateu a porta do quarto deixando eu e Diego sozinhos. Me ajoelhei no ch?o segurando o os

papéis e desabei ali mesmo, queria que tudo isso fosse um pesadelo e a todo momento eu desejava

sumir. Eu estava grávida, meu irm?o sentia vergonha de mim, a minha vida estava indo por água

abaixo e eu n?o sabia o que fazer.

Diego me levantou e me envolveu num abra?o fazendo eu molhar sua camisa com minhas lágrimas.

Tudo estava um caos, minha vida tinha dado uma repentina mudan?a, eu queria que nada disso

estivesse acontecendo.

— Eu n?o posso ficar aqui — me afastei de Diego enxugando as lágrimas.

— Você pode ficar lá no apartamento até as coisas de ajeitarem entre você e o Gabriel — o olhei enovelbin

assenti.

Eu ligaria para Lya nesses momentos mas ficar com Diego e n?o envolver mais ninguém nessa

história era a melhor solu??o por agora. Peguei minha mochila em seguida colocando minhas roupas

e algumas outras coisas.

Sai do quarto com uma al?a da mochila no ombro, fechei a porta e agradeci mentalmente por Gabriel

n?o está na sala, n?o queria vê-lo e muito menos escutar mais alguma coisa dele.

Suas palavras tinham me destruído.

Fui quieta o caminho todo, o dia tinha sigo t?o bom e em quest?o de segundos tinha virado um grande

inferno. Chegamos no prédio de Diego e o mesmo estacionou o carro, diferente do meu, o dele n?o

tinha área de lazer ou algo do tipo mas era bem bonito.

Na frente do mesmo tinha um mini Jardim com luzes verdes e uma placa de mármore com o nome do

prédio e o número. Diego cumprimentou o porteiro e nós entramos no elevador, ele morava na

cobertura que seria o décimo andar.

Chegamos no apartamento de Diego e o mesmo abriu a porta dando espa?o pra que eu entrasse

primeiro. Confesso que me surpreendi, Diego tinha cara de ser todo desleixado mas a organiza??o do

seu apartamento me provou ao contrário.

— Fica a vontade, aí — fechou a porta e a trancou.

O apartamento de Diego era enorme, a sacada tinha uma vista linda para a praia e se via uma grande

extens?o da pista. Havia uma piscina mediana em um deck de madeira e uma mesa pequena com

duas cadeiras de vime.

— Se você quiser tomar um banho, a toalha está em cima da cama do quarto no final do corredor —

assenti.

— Obrigada — ele deu um sorriso de lábios fechados e saiu.

Eu n?o iria ficar muito tempo aqui, no máximo uns dias e depois iria voltar pra casa e me resolver com

Gabriel. Me levantei e procurei fui para o quarto de hóspedes, que era bem grande também assim

como todos os c?modos do apê, acredito eu. Ele era suíte e tinha uma janela que dava para frente de

um outro prédio mas também dava para ver um pouco da praia por ela.

Tirei meu pijama da mochila e tomei uma ducha demorada. Após sair do banho eu estava mais

relaxada, ainda pensando em muita coisa mas uma parte de mim estava mais calma com tudo isso.

Sai do quarto e fui até a cozinha beber água, o dia tinha passado e nem dois litros de água eu tinha

tomado.

— Quer ver algum filme? — quase me engasguei com a água por causa do susto e Diego riu — Foi

mal — segurou o riso e eu o fuzilei com o olhar.

N?o estava afim de ver nada, meu único desejo era ficar deitada e tentar dormir pra, por um momento,

n?o pensar em nada. Mas assistir um filme com Diego parecia uma boa distra??o ent?o aceitei e me

sentei junto a ele no sofá.

— Qual? — procurou no catálogo.

— Qualquer um — dei ombros.

— Esse? — era um filme de guerra de alguma época que provavelmente eu n?o estaria nem nascida

ainda.

Eu odiava filmes de época.

— Ah, esse n?o — fiz cara de nojo.

Diego se irritou comigo e me deu o controle pra eu escolher o filme já que nada que ele colocava me

agradava. Escolhi um de comédia romantica e mesmo ele n?o gostando muito assistiu junto comigo,

até porque ele que tinha me chamado ent?o era obrigado a ver o filme. Durante o mesmo todo eu

chorei igual crian?a enquanto Diego me olhava com cara de bunda e perguntava de cinco em cinco

minutos o que tinha demais no filme para eu chorar.

Chato, né?

Depois que acabou o filme nós colocamos outro que Diego escolheu e ficou empolgado o mesmo todo

enquanto eu o assistia de bra?os cruzados tentando entende-lo. Era fato que Diego n?o sabia

escolher filmes.

— Esse é o filme interessante que você falou? — o olhei.

— Fica quietinha que você colocou um filme completamente cansativo pra gente assistir — jogou

pipoca em mim.

— Cansativo é você, ele era lindo — bufei.

O filme era t?o chato que no meio do mesmo come?ou a me dar sono, eu lutava contra o mesmo pra

Diego n?o me perturbar. Mesmo vendo filmes e interagindo com Diego eu n?o esquecia de hoje mais

cedo, o que Gabriel tinha me falado estava na minha mente e ao mesmo tempo que eu estava mais

calma eu também estava muito eufórica com isso tudo.

Peguei no sono no sofá mesmo entre meus pensamentos, a minha única escapatória era essa, pelo

menos eu fugia um pouco da minha realidade mesmo que quando acordasse teria que enfrentar o

caos.