NÓS

Chapter 24: Capítulo 23

Hoje eu estava um saco de pessoa, até mais do que eu já sou. Meu humor estava na casa do caralho

e toda hora eu saia pra ir fazer xixi, já havia uns dias que eu estava assim e me diagnostiquei com

incontinência urinária.

Era hora do intervalo e pessoal estava falando do prov?o, que seria somente do final do ano mas todo

mundo se preocupava desde cedo, era o terror do terceir?o. Eu até entraria no assunto se n?o

estivesse com uma dor de cabe?a horrível.

— Toma, manu — Gusta me entregou o lanche que eu pedi pra o mesmo comprar já que eu estava

tendo tonturas.

— Obrigada, Gu — dei um sorriso fraco.

Foi eu dar a primeira mordida no sanduíche natural que a ansia de v?mito veio com tudo e na mesma

hora eu larguei o mesmo e corri para o banheiro do pátio. Ajoelhei no ch?o e vomitei no vaso enquanto

Lya segurava meu cabelo.

— Vomitou até a janta de três meses atrás — apertei a descarga e ri.

Joguei uma água no rosto e me apoiei na pia, eu estava passando mal desde ontem a noite e

provavelmente seria por causa da pizza que Gabriel e Diego pediram que n?o me fez bem.

— Amiga, você tá bem?

N?o deu tempo nem de eu falar alguma coisa, foi eu abrir a boca e correr para o vaso de novo.novelbin

Só faltavam minhas tripas sair pela boca.

Mesmo eu falando que estava bem Lya n?o deixou eu ficar no colégio, fui obrigada a ir na enfermaria

e pedir pra embora mesmo n?o querendo, n?o era possível que só eu estava vendo que isso n?o era

nada demais.

— Manuela, já est?o vindo te buscar — sorri amigavelmente para Iara, a mo?a que trabalhava na

enfermaria.

Fiquei sentada na salinha de espera umas meia hora mexendo no telefone, eu n?o aguentava mais

esperar e estava quase tendo certeza que Gabriel vinha de ré na contra m?o.

Eu iria o xingar muito, sem dúvidas.

Finalmente me liberam e eu atravessei o pátio rumo ao port?o de saída e meu semblante fechou na

hora em que vi o carro de Diego estacionado em frente a escola. Que diabos ele estava fazendo aqui?

Ele destrancou o carro e eu entrei em silêncio no mesmo colocando minha mochila no colo. N?o

estava com saco, ent?o rezava para que Diego n?o fizesse gracinha porque se n?o era capaz de voar

nele.

— Gabriel pediu para eu te buscar porque ele está em reuni?o, n?o iria conseguir sair de lá — deu

partida e eu assenti com a m?o na cabe?a.

— Obrigada — disse respirando fundo, o perfume dele estava me enjoando.

Eu n?o queria nem imaginar o que Diego faria comigo se eu vomitasse no carro dele.

— O que você tem? — me olhou rápido e voltou sua aten??o para o transito.

— Nada — de olhos fechados encostei minha cabe?a no banco.

— Você ta pálida, Manuela — disse firme.

— N?o é nada demais, valeu? — o olhei

— Se n?o é nada demais, me fala — bufei.

— Só enjoo e tonturas, normal.

Diego n?o disse nada, o carro ficou um completo silêncio e agradeci mentalmente por isso, minha

cabe?a estava explodindo. Eu n?o sabia o que era pior, fechar os olhos ou ficar com eles abertos, o

enjoo n?o passava nunca e eu pedia a Deus, a jesus, a família inteira para que eu n?o vomitasse de

novo. Abri os olhos e percebi que Diego tinha mudado o caminho mas ignorei, porque ele podia ter

pego um atalho pra chegar mais rápido.

Era até bom, n?o via a hora de deitar e dormir.

— Você toma algum remédio? — parou no sinal e ajeitou o boné olhando no retrovisor.

— Remédio? — o olhei confusa.

— é — co?ou a garganta — Anticoncepcional e essas coisas — me olhou.

— N?o — me ajeitei no banco — Por que?

Ele n?o me respondeu e eu estava t?o mal que nem me importei em saber do porque da pergunta

maluca que ele fez do nada, esse garoto era maluco. Eu estava quase caindo em um sono quando o

carro parou em frente em uma farmácia, Diego saiu com sua carteira na m?o e eu olhei sem entender

nada.

Esse inútil n?o podia me levar pra casa antes de fazer suas comprinhas?

— Só pode ser sacanagem — bufei prendendo meu cabelo em um coque, o ar tinha desligado e

estava come?ando a ficar abafado.

Diego voltou dez minutos depois com uma sacolinha branca na m?o e quando entrou no caro a jogou

e mim.

— Que isso? —tirei uma caixinha de dentro da sacola e arregalei os olhos quando peguei a mesma.

Diego n?o expressava nada, só me olhava e eu provavelmente eu estava olhando pra ele com os

olhos quase pulando pra fora.

— Qu-que isso, Diego? — gaguejei — Você ta achando que e..

— N?o to achando nada, Manuela — ligou o carro — é por isso que eu comprei o teste, pra ter

certeza logo.

Nunca tinha passado essa possibilidade de estar grávida na minha cabe?a, apesar de n?o tomar

nenhum remédio eu sempre usei camisinha mas na noite que transamos lembro que Diego n?o a

colocou, tinha sido pele na pele. Eu gelei, estava estática segurando a caixinha na m?o e pensando

nas chances de eu realmente estar com um bebê sendo gerado em meu ventre.

— Você gozou fora, né? — perguntei com a voz tremula.

— Eu pensei que você tomasse remédio — suspirou.

— Só pode ser brincadeira — ri fraco.

Nós fomos em silêncio até chegar no meu prédio, olhar para cara de Diego estava me dando vontade

de bater nele até ele ficar preto de hematomas. Peguei minha mochila e a coloquei em um ombros só,

n?o o esperei e logo entrei no elevador apertando o bot?o do número do meu andar. Eu estava em

choque, com medo, com raiva, um milh?o de emo??es dentro de mim. Diego entrou no elevador e por

mais que tentasse disfar?ar ele também estava nervoso e sabia que era ele abrir a boca e ganhar um

soco no meio da boca no mesmo instante.

Eu n?o iria pensar nem duas vezes.

Cheguei em casa e fui direto tomar um copo com água para me acalmar, quase n?o conseguia

segurar o copo de t?o nervosa. Fui para meu quarto e sentei na cama segurando a caixinha do teste

na m?o, se ele desse positivo minha vida iria mudar de uma hora pra outra e olhando pra ele eu n?o

conseguia pensar em.. e se ele der positivo?

As lágrimas invadiram meus olhos, eram muitos questionamentos na minha cabe?a e se eu realmente

estivesse grávida, eu n?o sabia o que eu iria fazer da minha vida. E meus planos?

Eu queria acabar o ensino médio, cursar faculdade fora do Brasil e com um filho iria atrasar tudo isso.

Diego estava encostado no batente da porta me olhando, eu o olhei rápido e enxuguei as lágrimas.

— O que é? — funguei.

— Você vai fazer? — se aproximou e sentou do meu lado. Eu assenti enquanto analisava a caixa do

teste.

Me levantei da cama e entrei no banheiro, antes de fazer o teste tomei uma ducha gelada. Demorei

um pouco de baixo do chuveiro e pela primeira vez a água gelada n?o me acalmou como costumava.

Sai do mesmo e sequei meu cabelo na toalha e coloquei um short curtinho de malha e um blus?o.

Encarei o teste por uns segundos antes de tomar coragem e faze-lo.

Era agora ou nunca, meu futuro estava nas m?os disso.