Capítulo 6
Liliane disse:
– Você fala, estou ouvindo.
Fátima abriu os olhos e olhou para o teto, apertando os lábios e respirando fundo antes de dizer:
– Lili, na verdade, você n?o é…
Antes que ela pudesse terminar a frase, uma pessoa entrou pela porta trope?ando e a interrompeu:
– Ah, minha esposa!
Quando elas se viraram para olhar, o homem já havia entrado com passos largos na sala.
Ele estava impregnado com o cheiro forte de álcool e cigarro, com a barba por fazer, e foi até a cama,
se sentando em frente à Liliane.
– Ent?o, Seu Pereira n?o te incomodou? – Ele perguntou.
Fátima olhou com repulsa para ele, reclamando:
– O que você está fazendo aqui?! Você n?o acha que já nos causou problemas suficientes?
Nelson Marques estalou os lábios algumas vezes e levantou as pálpebras, olhando para Liliane e
dizendo:
– Filha, saia primeiro, vou conversar um pouco com sua m?e e depois vou embora.
Liliane olhou preocupada para Fátima, mas seu pai raramente voltava para casa, ent?o ela deveria dar
espa?o para que eles conversassem.
Portanto, ela se levantou da cadeira e deu a ele um aviso:
– N?o deixe a m?e irritada.
Nelson acenou repetidamente concordando, e Liliane saiu do quarto, olhando para trás várias vezes
antes de fechar a porta.
No momento em que a porta se fechou, a express?o preocupada desapareceu do rosto de Nelson.
Ele olhou para Fátima com indiferen?a e sussurrou:
– Vou te falar, hein? Você n?o pode fechar essa sua matraca?
Fátima ficou com raiva nos olhos e rugiu entredentes:
– Nem pense mais em usar essa crian?a para seus próprios propósitos!
Nelson riu friamente:
– Eu a criei com meu dinheiro, agora só estou pedindo um pouco de dinheiro de volta, algum
problema? Contanto que você fique quieta, n?o teremos problemas. Mas se você falar, n?o me culpe
por fazer Liliane perder esse emprego!
Com o corpo todo tremendo, Fátima agarrou o len?ol e disse:
– Nelson! Você é simplesmente desumano!
Nelson n?o se importou:
– Isso mesmo, sou desumano, ent?o controle sua boca. Se você disser algo que n?o deveria, nenhum
de nós vai se sair bem!
Depois de dizer isso, Nelson saiu do quarto sem olhar para trás.
Ao abrir a porta e ver Liliane ainda parada ali, Nelson rapidamente mudou sua express?o.
– Lili, seu pai está indo embora! Considere o dinheiro de hoje como um empréstimo para o pai.
Ao ouvir isso, Liliane levantou a cabe?a cansada, mas antes que pudesse falar, Nelson se virou e saiu.
Liliane suspirou, se endireitou e se preparou para voltar para o quarto.
Mas seu celular no bolso vibrou novamente.
Ela pegou o celular e, ao ver que era uma liga??o de William, seu cora??o apertou, e ela atendeu por
impulso.
– Onde você está? – A voz que saiu do receptor era profunda e fria.
Liliane deu uma olhada para dentro do quarto de sua m?e e sussurrou baixinho:
– Tive uma emergência.
William ficou em silêncio por um momento antes de dizer:
– Ent?o, eu te pedi para cuidar do assunto da Mavis, e você n?o fez isso, certo?
Liliane sentiu um leve azedo no nariz. Ele estava ligando para repreendê-la por isso?
Bem, deixando de lado o fato de que ela era apenas um brinquedo para ele, sua posi??o ainda era de
secretária-chefe.
Ela n?o tinha cumprido uma tarefa que ele havia delegado com antecedência, era culpa dela.
Liliane respondeu baixinho:
– Desculpe, Sr. William, vou ligar para o gerente do departamento de design agora mesmo.
– N?o precisa…
Antes que William pudesse terminar de falar, a voz de Carlos surgiu atrás dela:
– Liliane. – Ao ouvir Carlos, ela se virou e ele lhe entregou uma cartela de remédio. – Remédio
antitérmico, tome logo, você está com uma aparência péssima.
Liliane esbo?ou um sorriso fraco, pegou o remédio de forma educada e disse:
– Obrigada, Dr. Carlos, vou transferir o dinheiro para você mais tarde.
Carlos sorriu e apontou para o celular que estava ao lado da orelha de Liliane, dizendo:
– Se ocupe aí.
Liliane assentiu e voltou sua aten??o para o celular:
– Sr. William, o que você acabou de dizer?
Depois de esperar por um momento sem ouvir resposta, Liliane abaixou o celular e olhou para a tela.
A chamada havia sido encerrada sem que ela percebesse.
No entanto, seguindo as instru??es de William, Liliane informou a gerente do departamento de design
sobre a situa??o.novelbin
A gerente Marcela e a Liliane se formaram na mesma universidade e tinham um bom relacionamento
lá, ent?o para que cuidassem bem da Mavis era apenas uma quest?o simples.
Marcela, do outro lado da linha, parecia um pouco irritada:
– Lili, por que você ainda está preocupada com ela? Ela terminou o expediente pontualmente.
Liliane franziu o cenho.
Se era assim, por que William ainda fez aquela liga??o?
E nesse mesmo momento…
Após encerrar a liga??o, William estava sentado no carro com uma express?o sombria, uma nuvem de
dúvidas pairando sobre suas sobrancelhas frias.
O homem do outro lado da linha acabou de pedir que ela tomasse um remédio antitérmico, quando ela
ficou com febre?
Ela estava com febre e mesmo assim continuou trabalhando sem tirar folga, mas logo se virou para
contar a outro homem?
O tal do Dr. Carlos…
Após ponderar por um momento, William olhou de repente para Jorge, que estava dirigindo:
– A Liliane tem algum parente internado?
Jorge respondeu honestamente:
– Ouvi dizer que a m?e da secretária Liliane está internada com cancer uterino, mas n?o tenho
informa??es detalhadas sobre a situa??o atual.
A testa de William se contraiu instantaneamente:
– Ela n?o mencionou uma palavra sobre isso.
Jorge n?o p?de deixar de pensar sarcasticamente, “quem mandou o senhor só ter olhos para sua
amada desaparecida? E ainda sempre foi teimoso com a secretária Liliane”.
Pensando nisso, Jorge decidiu aproveitar a oportunidade para dizer algumas palavras em defesa de
Liliane:
– Sr. William, a secretária Liliane está passando por tempos difíceis, em sua família…
Antes que pudesse terminar, o celular de William come?ou a tocar.
Era Mavis ligando.
Ele havia reservado um restaurante especialmente esta noite, através de Jorge, para comemorar ter
encontrado a jovem que sempre esteve procurando.
E neste momento, o carro esportivo preto já havia estacionado na porta do restaurante.